Treino Marcado - Carol e Sebastian

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  Era quase duas horas da tarde quando eu estava na arena. Sebastian e eu havíamos marcado um treino nesse horário, porém eu fui mais cedo para a arena.

Eu estava com a minha roupa casual e confortável para treinos e algumas de minhas armas. O arco ainda estava na forma de pingente; a minha nova aljava estava pendurada em minhas costas; minha faca de caça, Ruby, estava presa no cinto junto com o meu novo par de adagas, “Lalaland”; e meu bracelete estava no meu braço, como sempre. Eu nunca tive a chance de usa-lo corretamente ainda e eu tinha quase a total certeza que não ia usa-lo tão cedo.

Enquanto esperava o filho de Hades fiquei brincando com o anel em meu dedo, olhando para um guri de mais ou menos 12 anos, que estava um tanto desajeitado com o arco e flecha. Eu devia estar distraída com meus pensamentos que nem percebi a aproximação de Sebastian, que me cumprimentou.

-Oi, vamos. – Sorri olhando o menino que acabara de chegar. Depois de alguns segundos, perguntei. – Então, com o que vamos lutar?



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Fiquei ouvindo com atenção o que o menino falava e fazia um tanto de sentido. Fiquei pensando sobre isso enquanto caminhávamos para dentro da arena. Deixei uma pequena risada escapar quando ele falou dos ciclopes porque, pelos deuses, toda vez que marcávamos um treino, lutávamos pelo menos com um.

-Isso é verdade... Eles já estão meio que na nossa lista de coisas para fazer em um treino. – Ri novamente – Podemos lutar com um como aquecimento...

Levei minha mão esquerda ao meu pingente e o transformei no meu arco. Sorri para o menino completando a minha fala anterior.

-Que tal? Pode solta-lo...


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Se a sensação que toma o meu corpo toda vez que eu entro em batalha não tivesse ali, eu teria começado a rir daquela cena. Para começar, o ciclope usava uma roupa tipo a do Tarzan, que não ficava nem um pouco boa nele; e botas da cor marrom, que não combinava com a peça anterior. Ele portava um pedaço de tronco de árvore que utilizava como arma. E braceletes nos dois braços, que deveria ter o mesmo proposito do tronco. E por fim, tinha uma trancinha que caía pela lateral do corpo. Ainda estou descobrindo como eu consegui segurar o riso.

Sebastian falou que ia chamar a atenção dele e provocou o ciclope. O que deu muito certo, o monstro agitava o tronco enquanto ia em direção do filho de Hades. Tomei uma leve distancia levando a mão direita para a minha nova aljava mágica, tirando uma flecha de bronze celestial. Encaixei-a no arco e puxei a corda, mirando na coxa do “cara de um olho”. Um pouco antes de atirar, com o pensamento fiz a flecha pegar fogo e só então, soltei a corda.

Não sei muito bem o que o ser de trancinha sentiu, mas as o cenho dele franziu e seu rosto virou lentamente em minha direção. Olhei de lado para Sebastian e sussurrei.

-Sua vez.



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Fiquei com uma flecha preparada enquanto acompanhava os movimentos de Sebastian, ou pelo menos tentava. O garoto sumia e reaparecia em lugares diferentes o tempo todo. Eu já tinha ouvido falar que os filhos de Hades conseguiam viajar pelas sombras ou algo do tipo, porém nunca tinha visto um fazendo isso. Eu não poderia atirar nesse momento, pois seria muito arriscado e poderia estragar o plano do menino. Tudo que eu poderia fazer agora era esperar algum sinal.

Então de alguma forma o menino apareceu do meu lado, sem folego. Ouvi com atenção as palavras dele. Eu já tinha meio plano em mente, mas o qualquer que fosse o golpe que a prole de Hades deu no ciclope, passaria logo o efeito. Bom, deve ter sido algo no joelho, pois o mostrengo estava em pé numa perna só, a perna com a flecha, e a abraçando a outra.

Abaixei o arco e guardei a flecha, ela não seria necessária agora. Movimentei levemente a mão direita e com o pensamento focado na luz, modifiquei-a para atrapalhar a visão do ciclope, apenas dele. Como um véu de luz envolta da cabeça ou algo do tipo. Então me virei para o menino do meu lado.

-Eu tenho um pequeno plano em minha mente. Na verdade quero testar isso para usar em batalhas futuras, e como é meio ousado... Tenho que treinar ele antes. –Fiz uma pequena pausa e olhei o monstro tentando arrancar a flecha da perna, mas não conseguindo toca-la, sempre errando onde ela estava. Voltei a olhar Sebastian. – Então, você tem ótimos insultos.

Deixei uma risada baixa escapar lembrando-se da trancinha. Mas parei rápido, a voz em minha mente repetia sem parar “Foco, Carol, foco”, e ela estava certa.

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  Tive que me segurar ao máximo para não rir com os insultos de Sebastian. Eu precisaria me manter focada agora.

O ciclope parou de tentar pegar a flecha em sua perna e fiou olhando para alguns pontos específicos, procurando quem estava o xingando. Porém, o efeito da luz ainda estava ali, graças aos deuses.  Pendurei o arco nas costas, ele não seria necessário agora.

Esperei mais um pouco e finalmente a atenção do ciclope era toda no Sebastian. Eu tinha que agir rápido, antes do monstro perceber quem estava falando. Fixei meu olhar em um certo ponto e utilizando um poder cedido por Chronos, me teletransportei  para a nuca do monstro onde eu me agarrei no pescoço dele. O cara de um olho se sacudiu e tentou me tirar dali. Acho que tudo que ele menos queria naquele momento é uma semideusa na garupa.

Rapidamente peguei minha faca Ruby e concentrei-me na minha força. Então algo que não estava no plano aconteceu: Uma luz, não, uma aura dourada ficou envolta de mim e no mesmo momento me senti mais forte. O ciclope continuou tentando me pegar com a mão, mas eu desferia alguns golpes em defesa, e alguns deles chegou a corta-lo.

Ele parou de colocar a mão para trás, com certeza ele não gostou de sentir a  parte cortante da faca. Então enfiei a faca com força no ombro do ciclope, que urrou de dor e me jogou para trás. Só tive tempo de pegar a faca e me teletransportar para ao lado de Sebastian. Porém, o meu pousou não foi um dos melhores, caí sentada no chão.

-Ai! – Soltei mesmo sem sentir muita dor. E logo me coloquei de pé novamente e sorri para o menino. – Valeu. Deu quase certo, falta só um pouquinho mais de treino.

Deixei uma pequena risada escapar. E depois completei – Agora, vamos acabar com ele.    



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Assim que o menino ao meu lado colocou seus poderes em ação e me avisou para atacar o monstro, guardei a faca de caça e fechei os olhos deixando minhas mãos como se eu tivesse segurando uma bola invisível. Respirei fundo e com um pouco mais de concentração, canalizei de minha energia interior uma esfera feita do mesmo material de coloração prateada.

Abri os olhos segurando a esfera na mão. Dei alguns passos em direção do ciclope preso com mãos.  Não sei direito bem o que eram de verdade.  Atirei a bola de energia com força que atingiu em cheio o monstro de trancinhas causado uma pequena explosão, que só afetaria o monstro. Por ele já está ferido e preso, a esfera teve mais efeito e logo o mesmo explodiu em pó.  Respirei fundo novamente e me virei para o filho de Sebastian.

-Foi divertido. – Ri baixo lembrando-se dos insultos. Agora sim eu podia rir. – Então, segundo round com quem?


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Concordei com o que o menino disse e peguei minha faca de caça novamente. Logo após ouvi os passos e fiquei em alerta. Respirei fundo e me virei, encarando as meninas. Com certeza elas estavam usando algo parecido com o charme para aparecer mais bonitas, principalmente para o Sebastian. Porém, eu estava vendo elas na forma normal de monstro.

Encarei uma de cada vez, imaginado como elas iriam lutar. Depois olhei para o menino ao meu lado e sussurrei para o mesmo.

-Uma pra cada, ok? – Sorri me virando para uma das empousa e falei provocativa. – Tentou ficar bonita, né querida? Seu charme não funciona comigo não...

-Arg, sua semideusa... – A mesma continuou agora em outra língua, que infelizmente eu entendi. Acho que a beleza do charme é importante para ela.
Então a monstra começou a andar em minha direção. Sim, andar. Coloquei-me em posição de combate e a mesma riu debochando.

-Vamos lá... – Falei baixo esperando a empousa chegar mais perto, já que eu estava usando a faca.  


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Respirei fundo enquanto sentia a adrenalina subindo novamente a cada passo que o monstro dava em minha direção. Desviei rapidamente o olhar para o local e voltei a olhar minha adversária. Ela ficou frente a frente comigo, porém não atacou de cara. O olhar dela era um tanto curioso.

-Então quer dizer que a filhotinha aqui está me vendo de verdade? – Ela riu de deboche. Apertei com tanta força o cabo da faca que os nós dos meus dedos ficarem brancos. Odeio quando debocham de mim. – Vamos ver do que a menininha clarividente é capaz.

A empousa abriu a boca mostrando os dentes pontudos e esticou as mãos para me pegar, porém fui mais rápida e me abaixei e desferi um golpe na perna de metal dela, de proposito. Nesse momento minha faca entrou em ação e liberou seu poder. Uma onda sonora que arremessou a minha oponente para longe, fazendo-a cair de costas.

Coloquei-me de pé novamente e sorri com o canto da boca de forma provocativa. A empousa voltou a ficar de pé e se lançou contra mim. Dessa vez ela estava mais preparada e foi mais rápida. Não tive como evitar não cair com ela por cima de mim. A faca estava entre nós duas. Empurrei a monstra com o cabo da faca, mas não obtive muito sucesso. Só uma coisa, o coisinha pesada essa empousa.



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Depois de muito esforço de tentar me mexer e empurrar a empousa em cima de mim, eu consegui passar a faca na barriga dela, fazendo um corte superficial, mas que surgiu o efeito de distraí-la o tempo suficiente de empurra-la girando e de alguma forma agora eu estava por cima.

Apontei a faca para a “menina”, mas ela foi rápida e segurou a minha mão direita fazendo força para cima, me xingando em todas as línguas possíveis. Depois me empurrou para trás, me fazendo cair sentada novamente.  Mentalmente lancei uma maldição, no qual a empousa só conseguiria falar rimando. Não importasse se a palavra que rimasse não fizesse sentido na frase, tinha que rimar e caso a mesma parasse de falar por muito tempo, ia ficar soluçando. Coloquei-me de pé e comecei a executar o meu novíssimo plano.

-Então, queridinha, venha me pegar! – Falei e comecei a levitar não muito alto. Ela começou a se aproximar de mim olhando para cima.

-Ah eu vou... seu. –Então a mesma parou franzindo o cenho com uma cara pensativa. – Eu não ia dizer isso, nisso. Eu ia falar estalar. – E de novo a mesma parou com a cara desconfiada. Tentando raciocinar como e porque ela não conseguia falar algo. Até que eu, sem querer, deixei escapar uma risada. O que foi a gota d’água para ela matar a charada. – Arg. sua filha de uma fruta... Luta! Esquece... É... Merece.

Logo após essa conversa estranha, guardei a ruby no cinto e voltei ao chão. Agora peguei as “lalaland”, um par de adagas prateadas. E me coloquei em posição de luta. Respirei fundo e recomecei a luta.
Desferi um golpe com a mão esquerda em um dos braços da empousa, mas a mesma desviou e soluçou. A raiva dela foi ao limite e me deu um soco que seria no rosto caso eu não visse o golpe em câmera lenta e colocasse o braço na frente como proteção. A minha inimiga pegou meu braço esquerdo e o apertou forte com as unhas, deixando marcas e tendo que mudar meu plano.

Fiz uma cara de dor, o que não era tão difícil e isso alegrou o monstro.
-Isso... disso. –Disse ente um soluço. – Sinta, minta... Dor, cor. – E mais soluços.
   
 




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Fechei os olhos ignorando a dor e concentrei-me na luz solar. Em poucos segundos me senti mais forte e o aperto no braço parou juntamente quando o grito começou.

-Meus olhos... Óleo. Você vai, cai, me pagar, achar. – Quando voltei a abrir meus olhos vi a empousa cobrindo o rosto com as mãos, sendo cegada pelo o brilho que saía do meu corpo. Abaixei-me e dei uma rasteira na menina a fazendo cair. Ela teria revidado, é claro, se não fosse pela luz ofuscando a visão da mesma.

Então senti algo escorrer pelo meu braço, um pouco de sangue onde a empousa havia cravado as unhas.

-Agora você me deixou brava. – Falei em voz baixa e usando um poder cedido por Chronos, onde eu controlei mentalmente a gravidade em minhas duas adagas e minha faca de caça, as fazendo ficar levitando, com a ponta da lamina virada para baixo, em cima da menina de pernas diferentes, que estava deitada ainda. Enquanto eu estendia minha mão espalmada, lançando ondas sonoras a atordoando.

Com uma parte da minha mente desci as adagas e faca com força em direção a “menina”, todas em partes fatais. Assim que as três laminas, ambas de bronze celestial, entrou em contato com a pele dela, a mesma se desfez em pó.  Só então percebi que minha respiração estava ofegante. Respirei fundo para controla-la novamente e guardei as armas que estavam no chão.

Examinei o leve ferimento no meu braço que começava a se curar sozinho graças aos poderes de Apolo e Chronos juntos. Aproximei-me do Sebastian, que já havia acabado sua luta.

-E ai? Deu por hoje, né? – Perguntei enquanto prendia novamente meu cabelo.    


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